segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Células-tronco completam dez anos com aplicação prática na medicina





Aos 69 anos, Nélson Águia já havia sofrido dois infartos e passado por cirurgias do coração que lhe deram oitos pontes safenas e mamárias. Sem mais opções de tratamento, o músculo cardíaco enfraqueceu a tal ponto que seu prognóstico era viver poucos meses. Dez anos depois, está bem de saúde. Ele se beneficiou do primeiro ensaio clínico no mundo de terapia com células-tronco, realizado por médicos do Hospital Pró-Cardíaco, dos Institutos de Ciências Biomédicas e de Biofísica da UFRJ e do Texas Heart Institute.

Apesar de ainda ser experimental, a terapia com células-tronco (estimulam a regeneração de tecidos), uma técnica complexa, tem trazido bem-estar e apresentado, em alguns estudos, bons resultados em casos sem qualquer perspectiva de melhora, como doenças cardiovasculares e neurológicas graves, diabetes e perda de visão. Nos Estados Unidos, cientistas já testam células embrionárias para tratar paralisia e cegueira. No Brasil, a maioria das pesquisas clínicas usa células-tronco adultas.Mesmo preliminares, os resultados animam cientistas.

Num avanço promissor para infartados, médicos do Instituto do Coração Cedars-Sinai anunciaram, há duas semanas, que reduziram pela metade uma área destruída do coração, reinjetando nele células-tronco cardíacas retiradas do órgão do próprio paciente e multiplicadas em laboratório. Apesar de o experimento não ter recuperado a capacidade cardíaca dos pacientes, a notícia foi comemorada, inclusive por cientistas do Brasil, que avaliam a terapia com células-tronco em diversas especialidades. A história de Nélson dá ainda mais esperança a quem, como ele, estava desenganado.

Para o médico Antônio Carlos Campos de Carvalho, coordenador de Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional de Cardiologia e do Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias, do Ministério da Saúde, é cedo para saber se a terapia funcionará em todos os cardíacos, mas os dados iniciais são animadores. No Brasil, médicos retiram células-tronco aspiradas da medula óssea, na região do ilíaco (bacia), e as injetam nas artérias coronárias ou no músculo cardíaco, como fizeram os americanos. A estimativa é testar esta terapia em 1.200 pacientes inicialmente. Os primeiros dados serão publicados ainda este ano.


Fonte: O Globo

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