sábado, 21 de abril de 2012

Pesquisa revela genética do câncer de mama

Conheça seu inimigo. Graças ao desenvolvimento das tecnologias de sequenciamento genético e biologia molecular, a máxima do filósofo e estrategista chinês Sun Tzu, autor de “A arte da guerra”, é uma arma cada vez mais usada por médicos e cientistas na chamada medicina personalizada. E um dos principais alvos deste ataque é o câncer, uma das doenças que mais assustam — e matam — pessoas em todo o mundo. 

Há alguns anos, por exemplo, sabe-se que o câncer de mama pode ser dividido em dois tipos básicos, com marcadores genéticos que podem ajudar a guiar o tratamento mais eficaz contra cada um deles. Agora, no entanto, um estudo inédito revelou que existem ao menos dez subtipos de tumores de mama, fornecendo um mapa ainda mais detalhado para combater a doença, que anualmente registra cerca de 1 milhão de novos casos no planeta, 50 mil deles no Brasil. 

Pela primeira vez, cientistas da Agência de Câncer de British Columbia, no Canadá, e da Cancer UK, do Reino Unido, analisaram o DNA e o RNA (dois tipos de códigos genéticos presentes nas células) de quase 2 mil tumores de mama recolhidos nos dois países nos últimos 20 anos e relacionaram os dados com o histórico clínico e tratamento recebido pelas pacientes. Com isso, eles puderam classificá-los em dez novas categorias de acordo com seu perfil genético, além de prever quais seriam os mais facilmente tratáveis e os extremamente agressivos, isto é, com mais chances de reincidirem, se espalharem pelo resto do organismo e levarem à morte. 

Segundo os pesquisadores, as diferenças tanto do ponto de vista molecular quanto dos prognósticos são tão grandes que é quase se fossem doenças completamente distintas agrupadas sob a égide de câncer de mama. 

— Com os tipos que conhecíamos já podíamos direcionar os tratamentos, mas baseados em apenas dois marcadores principais — conta Sohrab Shah, pesquisador da agência canadense e coautor do estudo, publicado na edição desta semana da revista “Nature”. — Agora, no entanto, temos dados moleculares e genômicos que nos ajudam a explicar por que mulheres com o mesmo tipo antes conhecido tinham respostas tão diferentes ao mesmo tratamento. Isso significa que mulheres que hoje são diagnosticadas e tratadas de uma maneira mais ou menos uniforme poderão, no futuro, receber tratamentos guiados pela assinatura genética de seus tumores.

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