segunda-feira, 5 de março de 2012

Droga reduz tumor cerebral causado por doença rara



Um imunossupressor usado por pessoas que fizeram transplantes tem mostrado sucesso em diminuir tumores cerebrais causados por uma doença genética rara. A esclerose tuberosa atinge uma pessoa em 6.000 e causa convulsões, manchas brancas na pele e problemas neurocognitivos. A doença leva à formação de tumores benignos, com tendência a crescer e causar danos -- os mais graves são nos rins e no cérebro.

Os tumores cerebrais, chamados de Sega (sigla inglesa de astrocitoma subependimário de células gigantes), atingem de 5% a 20% dos doentes. Podem aumentar a pressão intracraniana, impedir o fluxo do fluido cerebroespinhal e levar à morte.

Até há pouco tempo, o único tratamento era a cirurgia, que muitas vezes era repetida por causa das altas chances de recidiva. "Além de ser desgastante e poder causar outros danos, a cirurgia é mais indicada para tumores pequenos", diz a oncologista pediátrica Andréa Cap-pellano, do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).

No hospital, havia pacientes que, por causa das características da doença, não tinham mais nada a fazer. Um deles era Luis Fernando de Oliveira, 13, de São Paulo. Seu tumor cerebral era grande e não podia ser operado. Ele começou a usar o remédio everolimo em dezembro de 2010, quando a droga foi aprovada nos EUA após um estudo publicado no "New England Journal of Medicine" mostrar sua eficácia contra a doença.

Em três meses, o tumor de Luis Fernando teve uma redução de 58%. "Ele era agressivo e foi se acalmando. Ficou falante, melhorou o desempenho escolar e tem menos convulsões", conta o avô Carlos Calixto de Oliveira, 64.

O remédio custa cerca de R$ 6.000. Como se trata de um imunossupressor, que deixa o sistema de defesa do corpo debilitado, os efeitos colaterais incluem infecções e aftas na boca, segundo a pesquisadora belga Anna Jansen, neurologista pediátrica do UZ Brussel Hospital, em Bruxelas.

Fonte: Folha de São Paulo

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