sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Para Procon, Anvisa é responsável


A consultora jurídica do Procon-RJ, Camile Felix Linhares, alerta que a Anvisa pode ser ré em um processo, ao lado da importadora, médicos e hospitais envolvidos na cirurgia. A artista plástica Denise Villar Berretta está processando a importadora das próteses PIP, a EMI. Em 2010, ela substituiu a prótese PIP que vazou e, mesmo assim, continua com linfonodos de silicone que terão que ser retirados num terceiro procedimento.

— Na época, procurei a Anvisa e a EMI e eles não me responderam. Eu me senti abandonada. É um absurdo o governo não tirar essas próteses preventivamente, tive um problema sério — contou ela, que criou uma página no Facebook em que mulheres vítimas da fraude discutem o problema.

Na opinião do cirurgião Jorge Wagenführ Júnior, proprietário da produtora de implantes de silicone Lifesil e que participou da reunião na Anvisa, a agência deveria ter uma fiscalização mais rigorosa em fábricas e artigos médicos importados:

— Todo mundo é vítima dessa fraude feita lá fora, mas, para evitar problemas, a revalidação desses produtos deveria ser nacional. Para Júnior, as sociedades médicas deveriam estabelecer prazo para fazer a troca de todos os implantes mamários; hoje, os médicos recomendam revisão após dez anos, mas não há uma determinação. No caso da PIP e da Rofil, após análise dos casos das pacientes com problemas, deveria ser determinada a troca em menor prazo, para evitar que problemas mais graves ocorram, sugere Wagenführ Júnior.

Segundo o cirurgião, nenhum exame é capaz de mostrar o risco iminente de ruptura de uma prótese, o que pode dificultar o acompanhamento das pacientes, proposto pelo governo. Estima-se que 12,5 mil brasileiras tenham próteses PIP e 7 mil, Rofil.

A Anvisa, o Conselho Federal de Medicina e várias entidades médicas estão levantando dados para elaborar as diretrizes para acompanhamento dos casos. Uma dificuldade é que ninguém sabe quando a fraude começou.


Fonte: O Globo

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