sábado, 10 de dezembro de 2011

No futuro, mais intervenções sem necessidade de internação



Os robôs Da Vinci e Zeus chegaram aos hospitais para ficar. Controlam instrumentos laparoscópicos e câmeras e salvam vidas. E eles têm um primo mais experiente, o AESOP, usado há mais de uma década em operações laparoscópicas, diz o gastrocirurgião Vladimir Schraibman. Hoje, como se fossem videogames, os novos modelos são acionados por consoles dotados de pedais que manipulam os braços mecânicos e sistemas de voz que movimentam câmeras capazes de formar imagens tridimensionais, dependendo do modelo.

Nos centros cirúrgicos dos Estados Unidos, os robôs já são 1.500; na América Latina, 14; e, no Brasil, quatro. Apesar de não saberem diferenciar um pâncreas de uma próstata, eles alcançam áreas de difícil acesso e não erram, se forem bem guiados pelo cirurgião. No caso de próstata, isso é evidente. Pesquisas mostram que, com eles, é possível aumentar em 50% a chance de se preservar a potência sexual, em caso de retirada de próstata. Também o risco de incontinência urinária cai.

— Há maior segurança nos procedimentos com robôs — diz Schraibman. — A grande vantagem dele é o aumento de liberdade de movimentação das pinças do cirurgião, as quais são mais articuladas principalmente em suas extremidades. O possível tremor do médico é eliminado pelo sistema e não é transmitido para o campo operatório. Outro benefício é o posicionamento ergonômico do cirurgião, diminuindo a chance de erros por fadiga.

No Albert Einstein, a equipe da médica Rosa Maria Neme, também diretora do Centro Endometriose São Paulo, usa robô em todas as cirurgias ginecológicas.

— No que diz respeito à recuperação, a robótica e a videolaparoscópica são igualmente boas. Mas, com o robô, o médico tem uma visão melhor e detalhada, em 360 graus. E os movimentos dos braços da máquina são precisos e delicados. Com isso, diminuem o sangramento e a chance de haver complicações. Sem contar que o médico tem ergonomia melhor, porque opera sentado — diz Rosa Maria.

No Inca, entre 20% e 25% das cirurgias já são feitas com técnicas minimamente invasivas, como videolaparoscopia e neuroendoscopia, em que se usa instrumentos óticos para acessar o tumor. Elas são indicadas em operações colorretais, urológicas e ginecológicas, principalmente, mas também na retirada de tumores cerebrais, dependendo do caso. Este número tende a crescer no segundo semestre de 2012, quando a técnica robótica será acrescentada a este arsenal.

— O que a robótica traz de avanço é que a visualização é melhor, e é possível manipular (a região operada) até mais com o braço mecânico do que com a mão humana, em razão do alcance. Ele acessa locais onde a mão humana tremeria e tem sensores capazes de sinalizar que não se deve ir adiante, dependendo das condições do tecido que está sendo tocado — diz o diretor-geral do instituto, Luiz Antonio Santini.

Assim que estiver treinada no manejo do equipamento, a equipe do Inca começará a preparar profissionais de outros hospitais do Sistema Único de Saúde.


Fonte: O Globo

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