Colunistas convidados




*Artigo: Dengue - Risco Progressivo
Autor: Dr. Luiz José de Souza
Presidente da Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência Regional do Rio de Janeiro (ABRAMURGEM-RJ) e Diretor do Centro de Referência da Dengue de Campos dos Goytacazes

O Centro de Referência da Dengue (CRD), na cidade de Campos dos Goytacazes, único no País, representa hoje grande proteção para a população de nosso município e municípios vizinhos. Em 2010 o atendimento em crianças representava 11,44% dos casos de dengue e neste ano de 2011, os casos em crianças com menos de 14 anos foram de 14,99% até 26 de setembro. Esses dados mostram o perfil futuro no agravamento da doença em crianças menores.

O quadro clínico inicia Sempre com: febre, cefaléia, mialgia, anorexia, dor retro-orbitária, náuseas, prostração, vômitos, diarréia e exantema em menor percentagem. No segundo ou terceiro dia logo após os sintomas, aparecem sinais de alerta da Dengue Hemorrágica quando defrontamos com casos graves: dor abdominal, prostração intensa, vômitos persistentes e hipotensão arterial. Representam condições que necessitam de ação mais enérgica dos médicos e outros profissionais da área de Saúde.
 

Estas condições, baseadas na fisiopatologia da Dengue, ocorrem devido ao aumento da permeabilidade vascular, consequentemente, extravasamento de líquidos, desidratação, hemoconcentração, situações que precisam ser revertidas imediatamente com hidratação venosa à base de soluções cristalóides (soro fisiológico ou Ringuer Lactato), instituindo etapas rápidas na base de 20ml/kg/h e, posteriormente, etapas de manutenção com internação do paciente.

Em levantamento de 2010, em 206 prontuários de pacientes com idade acima de 13 anos, observamos serosites (derrame pleural e ascites) presentes em 55 pacientes, ou seja, mais de 25% dos casos hospitalizados apresentavam serosites. Observamos uma diferenciação em relação aos pacientes pediátricos. Nos pacientes adultos com serosite, 95% dos casos foram por infecção secundária pela Dengue.

Já os pacientes da pediatria com serosites que evoluíram para o choque e óbito foram infectados pela forma primária da Dengue. Concluímos que a infecção pelo sorotipo 2, que estava circulando naquele momento, era muito grave. E, em crianças devido à menor imunidade, torna-se ainda mais agravante, necessitando maior treinamento e manejo dos pacientes pelos colegas pediatras.

Em relação à trombocitopenia (plaquetas baixas) raramente realizamos no CRD transfusão de plaquetas. Dos 55 pacientes com serosites, 50 apresentavam plaquetas baixas e somente 5 foram transfundidos. Casos que apresentavam Comorbidade (insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca, diabetes ou obesidade) foram transfundidos com plaquetas menores que 30 mil apresentando algum sangramento.


Outra condição em que fizemos a transfusão em pacientes sem comorbidade, com plaquetas abaixo de 10mil, com presença de petéquia ou sangramentos. Nenhum desses pacientes recebeu tratamento com albumina humana. No tratamento da Dengue, o mais importante é a hidratação venosa, instituindo 2/3 de soro fisiológico e 1/3 de soro glicosado, na manutenção com 60 a 80ml/kg/24h nos pacientes adultos.

Em relação ao diagnóstico, o protocolo é importante com solicitação de hemograma, VHS e transaminases. A leucopenia e VHS baixo-normal representam indício para diagnóstico da Dengue. Na dosagem do antígeno NS1, o ideal é solicitar do 2º ao 4º dia após o início dos sintomas. Em casos graves é de fundamental importância guardar soro colhido até o 5º dia para fazer a dosagem do PCR em casos de óbitos ou avaliação do sorotipo circulante. A sorologia (dosagem de anticorpos) só deve ser feita após o 8º dia em relação ao início dos sintomas.


O Centro de Referência da Dengue é muito importante no diagnóstico e contribui para combater o vetor. São as seguintes as condições positivas do CRD: a centralização melhora a notificação. A informação do endereço dos pacientes é passada rapidamente para o setor de combate ao vetor. Vigilância epidemiológica permanente, diagnóstico preciso e precoce. Os pacientes ficam monitorados e, consequentemente, evitando mortes. A organização da assistência é primordial para adquirir melhor resultado dos pacientes com Dengue, eficiência no diagnóstico diferencial que é bastante amplo.


“O grande sucesso no tratamento da Dengue é o diagnóstico preciso e precoce associado à reposição volêmica adequada, no início dos sinais de alerta”


Devido à infraestrutura em nosso País apresentar precariedade, temos dificuldade em combater o vetor por várias situações: Baixa sincronia entre os municípios, alto índice de circulação populacional, sub-notificação dos casos, erros no diagnóstico, não erradicação de focos no nosso município e localidades vizinhas, deficiência no saneamento básico, falta de planejamento urbano, tratamento de resíduos sólidos (lixo) inadequados, ausência no controle adequado do mosquito e deteriorização da infraestrutura de saúde pública. Além da identificação das áreas periféricas das grandes cidades, desemprego, violência e deficiência educacional.

Sob essa ótica cabe enfatizar que a escola é vista como um espaço de promoção de saúde e pode ser definida como uma prática social que preconiza não só a mudança de hábitos, práticas e atitudes e a transmissão de conhecimentos, mas, principalmente, na forma gradual de pensar, sentir e agir através da seleção e utilização de métodos pedagógicos e participativos.

A vacina protegendo contra os quatro sorotipos, apesar de se encontrar em fase avançada, a utilização levará alguns anos. A circulação dos quatro sorotipos presentes (1, 2, 3 e 4) e a reintrodução desses sorotipos, nos estados do nosso País, faz com que a mortalidade por Dengue seja iminente, representando risco progressivo e futuro catastrófico.




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* Artigo: "Informação: ferramenta para administração da saúde municipal" 

Autor: Paulo Monnerat - membro da Câmara Técnica da Comissão Intergestores Bipartite (CIBRJ)
Para ler, clique aki http://www.cosemsrj.org.br/images/artigo_pmonnerat.pdf

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* Artigo: Dia da Saúde

Por: Dr. Nélio Artiles
Diretor da Faculdade de Medicina de Campos
A definição de saúde é muito ampla, mas tem muito a ver com o equilíbrio entre o bom funcionamento do corpo em geral, com seus aparelhos e sistemas, e o meio em que se vive. Uma pessoa sem doença orgânica pode ser extremamente doente de acordo com sua forma de reagir ou enfrentar o mundo em que vive. Deus nos deu a graça da vida com Seu grande amor para sermos felizes e cuidarmos dela de uma forma responsável. 
Quem não busca a felicidade e o bem estar não está vivendo adequadamente. Cuidar do corpo, do que se come, do que se respira, do que se vê e ouve é fundamental, assim como cuidar do ambiente em que vivemos. Ser generoso com tudo e todos que nos rodeiam é uma boa vacina para todo tipo de doença, pois semeando amor, atenção, compaixão, sinceridade, ética, colheremos uma vida melhor e certamente saudável.
Neste Dia da Saúde precisamos ter a palavra cuidar como principal ferramenta para tornar as nossas vidas, de nossos filhos, de nossa sociedade e de nosso planeta bem melhor.  É nossa responsabilidade, como filhos do criador, cuidar de todo o presente que nos foi dado, preservando e tratando de nossa natureza, uma fonte inesgotável de alimento e oxigênio, e cuidar do corpo mantendo o tripé da boa qualidade de vida: comer e dormir bem e fazer rotineiramente uma atividade física. Com isto teremos todos uma saúde perfeita e assim exercermos a alegria e felicidade de viver.