quinta-feira, 1 de março de 2012

Crivella: líder evangélico que vira ministro sem entender de pescaria



Quando era garoto, Marcelo Crivella gostava de pegar ondas de peito e de prancha de isopor no Leblon, onde foi criado. E talvez tenha sido esse o único momento da vida em que o senador teve um contato mais direto com o mar, que agora passa a ser o centro de suas atenções como ministro da Pesca. Conhecido pela fala mansa, gestos medidos e oratória pontuada de citações bíblicas, o futuro ministro admitiu que “tem muito a aprender” sobre pesca e aquicultura.

Crivella, que fez carreira política embalado pela força da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) criada pelo tio, o bispo Edir Macedo, chega ao primeiro escalão do governo Dilma sem se livrar da pecha de pescador de eleitores de fé. Se o envolvimento com a religião lhe valeu duas vitórias na disputa da vaga no Senado (2002 e 2010), foi esse mesmo vínculo que custou a Crivella, bispo licenciado da Iurd, três derrotas consecutivas quando tentou um cargo executivo (governo do Estado do Rio, em 2006, e Prefeitura da capital, em 2004 e 2008).

Engenheiro de formação e cantor de músicas gospel, Crivella, antes de ser senador, foi missionário na África, expandindo a evangelização da igreja de Edir Macedo no continente. Permaneceu por lá durante dez anos, levando consigo a família - mulher e três filhos. Quando voltou, estava talhado para deixar o púlpito e assumir a tribuna.

Antes de ingressar na vida pública, foi dono de três emissoras ligadas à Iurd, a Televisão Record Rio de Janeiro e da Universal Temple e TV Cabrália. Investigações da Polícia Federal teriam revelado que as empresas foram compradas de laranjas.

A exemplo de Ideli Salvatti, que passou rapidamente pela Pesca, Crivella também admite que é um neófito e não tem experiência alguma nessa área. Ele falou confortavelmente instalado em seu gabinete no Senado, cuja porta é tão firme e reforçada que assemelha-se a um cofre.
 


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